sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Uma explosão que gera lucro

Que brasileiro tem mania de inventar, todo mundo já sabe, agora buscar reinventar um produto milenar é novidade. Pois foi exatamente isso que o aposentado Jose Franklyn Copche fez, reinventou a pólvora, literalmente.
O aposentado, que é amante do tiro, acostumou-se a gastar algumas horas por dia em seu laboratório para desenvolver uma nova formula de pólvora, e conseguiu. Formulou uma nova pólvora que tem, antes de tudo, objetivos ambientais. Segundo o inventor ele buscava uma maior segurança para os utilizadores de pólvora e conseguiu formular um produto que, alem de suprir todos os anseios que a pólvora proporciona, não elimina gases tóxicos ao meio ambiente. Isso se chama busca pelo desenvolvimento sustentável, que gera lucro. De acordo com o aposentado, ele pretende vender a patente a uma grande industria de pólvoras no Brasil e espera que a formula possa ser exportada para outros paises, dentre os quais a China, inventora e maior produtora de pólvora do mundo.
Estima-se que a produção nacional de espoletas nos pais chega a 4,5 milhões/mês. A maior parte das empresas de fabricação de pólvora está localizada em Santo Antonio do Monte (MG) que detêm de 90 a 95% do total fabricado no país. São cerca de 20 empresas que produzem cerca de 15 toneladas/mês. Para se ter uma idéia, somente no Reveilon 2007 foram gastos R$ 1,8 milhão somente em fogos de artifício. Isso mostra que é um ramo interessante e lucrativo. A nova pólvora, segundo o inventor, pode ser a solução para os altos gastos com fogos de artifício alem, é claro, dos riscos menores ás pessoas e ao meio ambiente.
È mais um passo dado na busca da auto-sustentabilidade. O Brasil tem estado cheio de novas idéias que estão dando certo. Casos como do Biodiesel, e do Etanol, que já esta sendo chamado de ‘trunfo brasileiro”, tem mostrado que o desenvolvimento sustentável, tão facilmente declamado nos inflamados discursos, é possível mas não tem uma estrada fácil de ser percorrida.

Mecanismos para o Desenvolvimento Auto-Sustentavel

Após a assinatura do Protocolo de Kyoto, que começou a vigorar em fevereiro de 2005 e tem por objetivo a redução da emissão de gases na atmosfera, principalmente gás carbônico, os paises mais industrializados do mundo, que assinaram o protocolo, passaram a buscar novas formas de reduzir a emissão de gases que auxiliam no efeito estufa. Segundo o tratado, os 38 paises mais industrializados devem cumprir as metas de redução para emissão de gases que aceleram o efeito estufa. Os paises menos industrializados, entre eles o Brasil, podem vender créditos de carbono aos paises mais industrializados do mundo. Surge então no país, a idéia de encontrar fontes renováveis de energia. Uma das fontes buscados para a geração de créditos de carbono, que podem ser vendidos posteriormente, são os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)
Os MDLs têm a missão de encontrar fontes de produção que reduzam, ou minimizem, a quantidade de gases formadores do efeito estufa. Existem formas diversas para se chegar ao denominador comum. Uma das formas mais latentes e inovadoras é o tratamento da emissão do gás metano nos aterros sanitários.
O lixo, em processo de degradação, gera o gás metano (CH4), que é quatro vezes mais prejudicial do que o gás carbono (CO2). O Protocolo de Kyoto que prevê a compra de créditos de carbono permite que a captação de uma tonelada de gás metano, seja vendido ao valor equivalente a quatro vezes o valor da tonelada do gás carbono. Por isso, o tratamento deste gás se tornou tão atrativo.Para se ter uma idéia, desde a implantação do Protocolo de Kyoto no inicio do ano de 2005, o Brasil já fez transações no volume de US$ 210 milhões. Alguns projetos, como o Nova Gerar que faz a queima do gás metano, evitando que ele vá para o meio ambiente e ainda gera energia, vendeu 2,5 milhões de toneladas de CO2 ao governo holandês, gerando uma receita de US$ 10 milhões..
Outro interessante projeto é o Projeto Plantar, em Minas Gerais, que substituiu o carvão mineral pelo vegetal nos fornos de obtenção de ferro gusa após um amplo processo de reflorestamento. Com o projeto, o CO2 que é gerado pela queima do carvão é absorvido pelas áreas plantadas com eucaliptos próximos á industria formando uma espécie de ciclo renovável. O projeto que foi concebido em 1998, terá 28 anos de duração e poderá gerar 12,8 milhões de créditos de carbono e tem receita com a venda dos créditos de carbono estimado em US$ 51,2 milhões.
Existe também o projeto de tecnologia para geração de gás a partir de biodigestores, ou seja, a partir de dejetos de suínos. Deste processo retira-se o biogás e, conseqüentemente, energia elétrica de calor.
Esses são apenas alguns exemplos da atuação de empresas brasileiras na busca de minimizar os efeitos do superaquecimento global, com lucro. Creio que, caso estivesse vivo, Smith (Adam Smith, 1723/1790) repetiria que a busca de cada um por seus interesses próprios gera uma auto-suficiência de recursos, fazendo que a economia se mova, como se fosse movida uma “mão invisível”.



Edílson G. Aguiais
Ciências Econômicas
Faculdade Alfredo Nasser