quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mercosul: Crise de Identidade

Em uma conversa sobre a globalização, que tivemos por esses dias, houve um ponto muito interessante e ao mesmo tempo enigmático. A certa altura da conversar foi feita esta pergunta: “Existe mesmo um Mercado Comum Do Sul (MERCOSUL)?”. Essa pergunta me gerou uma inquietação gigantesca e mostrou ser um assunto interessante a tratar.
O Mercado Comum do Sul, de agora em diante apenas Mercosul, é um tratado estabelecido em 1991. O tratado regula as relações entre os paises membros, a saber: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e aderindo por ultimo a Venezuela, em 2006. O acordo foi firmado na cidade de Assumpção, no Paraguai, na data de 26 de março de 1991 e prevê uma área de livre acesso de mercadorias e serviços. Diferentemente da União Européia que, ao formar o bloco econômico, procurou unificar as moedas, o Mercosul tem moedas distintas a saber: Argentina - Peso Argentino; Brasil - Real; Paraguai - Guarani; Peso Uruguaio no Uruguai e Bolívar na Venezuela. Caso o Mercosul fosse considerado um país estaria na quinta posição no ranking mundial do PIB, com US$ 2.970.543 e teria uma população de 366 milhões de pessoas.
È certo que unificar alguns paises da América Latina não é tarefa nada fácil. Principalmente, se for considerado que, na corrida pelo crescimento, todos os paises buscam crescer ao máximo. Os brasileiros, que desde tempos imemoriais cultivam desagrados com os argentinos, buscam que o crescimento de seu país seja maior do que o rival e vice-versa. A Argentina, que entrou em crise no ano de 2002 por causa da busca descontrolada pelo crescimento, influencia os pensadores brasileiros a “meter o pau”, ainda mais, na política ortodoxa de crescimento adotada pelo governo brasileiro. Nesta briga o Mercosul fica bastante atingido, pois, por causa da rivalidade, criou-se mecanismos para burlar o acordo que criou o Mercosul. Um exemplo destes mecanismos são as tarifas cobradas pela importação/exportação de alguns produtos entre os países. Vale dizer que esta “troca de gentilezas” não acontece apenas entre Brasil e Argentina. Todos os paises da América Latina competem entre si e criam barreiras para o transito de mercadorias e serviços, inclusive os países do Mercosul.
Com estas observações, é possível afirmar que o acordo que criou o Mercosul não esta efetivamente sendo cumprido. Mas ainda assim não deve ser dito que o este mercado não existe. Existem muitas taxas e barreiras, cerca de 90%, que foram eliminadas, restando algumas. Fica a utopia de que os países em desenvolvimento da América Latina tomem como exemplo a União Européia, caso realmente exista a vontade constituir uma área de livre comercio entre os países latino-americanos.
Edílson G. Aguiais
Faculdade Alfredo Nasser.
Ciências Econômicas.